Angra
dos Reis e a origem do CEBI
Em 20 de julho de 1979, em Angra dos Reis, aconteceu a festa da semente do CEBI – Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos, para ajudar a aprofundar, legitimar e divulgar a leitura popular da Bíblia que as comunidades estavam fazendo. Numa sala do Convento Frei Carlos Mesters e pastor Iranildes iniciaram o Cebi rezando o salmo 146.
Naquele tempo, época da ditadura militar e da
repressão aos movimentos populares, havia um grupo de professores, padres,
pastores e leigos que se reuniam duas vezes ao ano para refletir sobre a
situação social e política e o papel dos cristãos. Eles perceberam quatro
plantas novas, todas ecumênicas, nascendo de sementes desconhecidas, crescendo
no jardim das Comunidades Eclesiais de Base das várias igrejas: a planta do
CIMI em defesa dos direitos dos índios, o povo das florestas; a planta da CPT
em defesa dos direitos dos lavradores, o povo do campo; a planta da CPO em
defesa dos direitos dos operários, o povo das cidades; a planta da CPP em
defesa dos direitos dos pescadores, o povo dos mares e dos rios.
Quatro plantas novas e bonitas, as quatro em defesa
do povo dos pobres. Aquele grupo de padres, pastores e leigos procurou saber de
que semente estavam nascendo estas plantas tão importantes para a vida do povo
e para a vida das igrejas. Descobriram que a semente escondida era a leitura
que povo estava fazendo da Bíblia: leitura feita em comunidade dentro da
realidade. Aí disseram: "Esta semente da leitura que as comunidades estão
fazendo da Bíblia é muito importante para a caminhada do povo e das igrejas! É
algo do Espírito Santo! Devemos fazer todo o possível, para que esta leitura se
aprofunde, se articule e se espalhe cada vez mais". Foi aí que nasceu o CEBI! Uma resposta ao
apelo do Espírito Santo!
No início o CEBI fazia formação em três níveis:
cursos de um mês em nível nacional; cursos de duas semanas em nível regional e
curso de um fim de semana em nível local.
Angra dos Reis se tornou um campo onde floresceram
muitos grupos de círculos bíblicos nas CEBs que junto com movimentos populares,
associações de moradores, sindicatos promoveram uma transformação importante na
Política. O povo se tornou sujeito.
Em 1988, Angra foi o primeiro município do estado a
eleger um governo popular para prefeitura. Foi uma bela vitória! Muita coisa
boa aconteceu em Angra nesse período.
Depois de 25 anos, a Rede Fé e Política está nessa
mesma cidade para refletir sobre a Presença da Igreja (e das religiões) no
mundo de hoje.
Atualmente o Grupo de Fé e Política de Angra se
pergunta: “Como responder aos desafios da realidade social e política?”. Muita
água passou por debaixo da ponte. Os tempos são outros. Como devolver às
pessoas a utopia, o sonho que outro mundo é possível? Como encantá-las? Como ir além de uma espiritualidade
intimista? Como entender que Cidadania ativa e Fé atuante têm um papel comum na
transformação da realidade através da participação na esfera política?
Que a realização deste Encontro contribua para reanimar
o Povo de Deus a atravessar este momento de deserto!
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